O Dilúvio





A história do dilúvio representa um novo começo para a humanidade. O Senhor criou a terra, o homem, os animais e tudo o que nossos olhos podem ver, mas o mundo já não era mais o paraíso perfeito que Deus havia criado. A queda no Éden mudou tudo.

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É assustador a velocidade com a qual o homem se esqueceu de Deus. A maldade e a iniquidade se multiplicaram na terra de tal forma que a Bíblia chega a afirmar que o Senhor se arrependeu de ter criado o homem. (Gênesis 6:5-6) Esse arrependimento de Deus não deve ser entendido como o arrependimento humano, mas como uma expressão da profunda tristeza que o Senhor sentia em ver o caminho que os homens haviam escolhido, preferindo o pecado e a morte, ao invés de um relacionamento com o Criador.

O dilúvio foi o juízo de Deus sobre o pecado no mundo, mas não podemos ver essa narrativa apenas como se Deus estivesse irado com a criação. O dilúvio também purificou a terra e trouxe a possibilidade de um novo começo através de um homem: Noé. (Gênesis 6:8)

Chega a ser quase inacreditável que, em todo o mundo, apenas um homem pudesse achar graça aos olhos de Deus. Mas foi exatamente isso que aconteceu. A fidelidade e obediência deste único homem salvou a vida dele e de sua família, em um acontecimento que trouxe destruição para muitos.

O Senhor instrui Noé sobre a construção da arca, o meio que Deus usaria para preservar sua criação e possibilitar um recomeço. Nesta arca, entraria Noé e sua família, bem como dois animais de cada espécie, um macho e uma fêmea. (Gênesis 6:17-20)

Mas como deveria ser a construção deste barco, afinal? Quando Deus fala com Noé, Ele traz instruções precisas. A madeira usada deveria ser a de cipreste, a arca deveria ter cento e trinta e cinco metros de comprimento, vinte e dois metros e meio de largura e treze metros e meio de altura. (Gênesis 6:14-16) Não se tratava de um pequeno barco, era algo grandioso! Sendo equivalente a um campo de futebol e meio, e tão alta quanto um edifício de quatro andares.

Deus continuou instruindo Noé de que a arca deveria ser revestida de piche por dentro e por fora, e ter um teto com um vão de quarenta e cinco centímetros entre o teto e o corpo da arca. Deveria também ter uma porta lateral e um andar superior, um médio e um inferior. Cada detalhe era importante e toda instrução deveria ser seguida à risca.

É possível que Noé tenha construído esse barco gigante a quilômetros de distância de qualquer corpo de água, o que só nos prova como este homem confiava na Palavra de Deus, mesmo sem entender como Deus cumpriria o que havia dito.

A Bíblia afirma que Noé fez tudo conforme o Senhor lhe havia ordenado. (Gênesis 6:22) Muitas vezes, pensamos apenas na construção da arca, mas precisamos nos lembrar de que Noé também recebeu a missão de separar alimento suficiente para que todos fossem alimentados durante o dilúvio. (Gênesis 6:21) Além disso, na segunda carta escrita por Pedro, o apóstolo se refere a Noé como pregador da justiça, (2Pedro 2:5) o que pode significar que Noé, enquanto construía a arca, pregava àqueles que passavam por ele. Mas apesar da possibilidade de muitos terem sido avisados, nos parece que ninguém acreditou que algo estava realmente prestes a acontecer.

Quando a arca estava pronta, Noé certamente não precisou reunir os animais. Toda a criação obedecia a voz do Criador assim como Noé estava obedecendo. Inclusive, há uma estimativa de que a arca possa ter comportado quase quarenta e cinco mil animais.

Noé entrou na arca com sua família e os animais que o Senhor enviou. Então, romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas do céu se abriram. As águas do dilúvio vieram sobre a terra e, durante quarenta dias e quarenta noites, houve chuva. (Gênesis 7:11-12) A Bíblia afirma que todos os altos montes que havia debaixo do céu foram cobertos por essas águas.

A este respeito, já podemos pensar em um questionamento bem comum em nosso dias: foi o dilúvio um evento local ou universal? Muitos tentam argumentar ter sido algo local, mas a Bíblia afirma que foi desfeita toda substância que havia sobre a face da terra, e que apenas Noé e aqueles que estavam com ele na arca sobreviveram. (Gênesis 7:22-23) Unindo essa afirmação bíblica ao entendimento de que Deus buscava extinguir toda a iniquidade do mundo, e ao fato de que comentaristas afirmam que há no mundo água suficiente para cobrir toda a terra seca, podemos afirmar que foi um evento universal.

Quando as fontes do abismo se fecharam, a chuva cessou e as águas começaram a diminuir, Noé passou a enviar aves para examinar a terra. (Gênesis 8:6-12) Mas ele mesmo não saiu do barco até que Deus o mandasse fazer isso. (Gênesis 8:15-19) A paciência de Noé, mesmo depois de ter passado um ano inteiro dentro daquele barco, é admirável. Deus sabia que a terra ainda não estaria seca o bastante para que a família de Noé saísse daquele lugar em que estavam seguros. E Noé, mais uma vez, demonstrou sua confiança em Deus. 

Depois da destruição causada pelo dilúvio, Deus renovou seu concerto com a humanidade. Ele ordenou que Noé e sua família se multiplicassem sobre a terra, a povoando novamente. (Gênesis 8:7) Logo em seguida, o Senhor prometeu que nunca mais destruiria a humanidade por meio de um dilúvio. O sinal de tal aliança feita entre Ele e a terra era o Seu arco colocado entre as nuvens, o arco-íris. (Gênesis 8:11-17)

Já falamos como o dilúvio representa um recomeço para a humanidade. E, de fato, há muitas semelhanças e diversos paralelos textuais entre este evento e a história da criação do mundo, narrada em Gênesis 1. Por exemplo, na história da criação, quando a terra ainda era sem forma e vazia, o Espírito de Deus pairava sobre as águas, (Gênesis 1:2) no dilúvio, o reinício também foi marcado por águas. (Gênesis 7:11)

Na criação, Deus fez a terra seca (Gênesis 1:9) e, no dilúvio, enviou um forte vento para secar a terra onde Noé e sua família habitariam. (Gênesis 8:13-14) Na criação, Deus ordenou que Adão e Eva se multiplicassem, (Gênesis 1:28) após o dilúvio, a mesma ordem é dada à família de Noé agora que a terra precisava ser habitada novamente. (Gênesis 9:1) Por fim, assim como havia uma restrição alimentar para Adão e Eva, que não deveriam comer do fruto proibido, (Gênesis 2:16-17) havia também para Noé e sua família, que não poderiam comer carne com sangue, que representa vida. (Gênesis 9:4)

O último ponto importantíssimo que precisamos destacar sobre o dilúvio é que a Bíblia não é o único documento antigo a falar de um evento como este. Existem muitos grupos espalhados pelo mundo todo que relatam uma mesma história: um de seus antepassados salvou os animais em um barco, por causa de uma grande inundação causada pela ira dos deuses. Seja na história suméria, chamada Eridu Genesis, seja na história acadiana, chamada Épico de Atrahasis, seja na mais conhecida de todas, a História Babilônica do Dilúvio, em que o grande herói é Gilgamesh, ou em qualquer outra história de qualquer outro povo, as semelhanças são notórias!

É claro que, nessas histórias, o deus que adverte sobre a vinda do dilúvio recebe outro nome e Noé, aquele que constrói o barco e é tido como herói, também. Mas como explicar isso?

Acontece que o simples fato de a história do dilúvio ser relatada por tantos povos diferentes já pode ser visto como uma prova de que não se trata de um mito, mas de um evento que ficou gravado na memória de todos esses povos ao longo dos anos.

Ao pensarmos no dilúvio, não estamos falando de uma parábola ou algo inventado por um escritor bíblico. Estamos nos referindo a um evento importantíssimo, causado pelo próprio Deus que, apesar da tristeza que sentia em ver sua criação se enchendo de violência e maldade, encontrou um meio de purificar a humanidade e trazer um recomeço tão necessário. 

Esperamos que este estudo tenha te abençoado e enriquecido seus conhecimentos bíblicos. Até a próxima!




Postado em 31/05/2023

Aprofundamentos e Explicações Bíblicas